Filosofia Astrológica - Os Luminares pt XIII - Câncer: o espelho d'água do nosso passado.
O Sol, nosso personagem conscientizador, estava voando longe, encontrando a multiplicidade do mundo em Gêmeos. Ele tinha ganhado asas e velocidade para absorver o máximo possível de conhecimento sobre si e de tudo a sua volta. Foi então que ele avistou a orla da terra, parecia uma praia. Desceu e encontrou algo novo: água. Aliás, uma imensidão de água. Instintivamente, tirou os sapatos alados geminianos e mergulhou. É a continuação da sua trajetória: Câncer.
Ele diz:
- O processo do conhecimento é como se fosse os passos dados na estrada chamada vida. A cada momento, uma descoberta. Aquilo que se aprende, amplia os horizontes e aumenta mais a consciência. Porém, tem uma hora que, de tanto procurar e conhecer os mundos, é proposto que conheça o próprio mundo.
"Então é assim? Todos são distintos, mas nascidos de um mesmo ventre? Ninguém veio do nada?"
Sim, todos possuem um lugar de origem. E esse lugar chama-se ancestralidade.
Em Gêmeos pergunta-se: Quem eu sou? De onde eu vim? Mas nunca se encontra uma resposta satisfatória, fazendo da vida uma eterna peregrinação. Porém, agora nas águas cancerianas, a peregrinação teve um fim. Aqui é permitido descançar, sentir conforto e afeto, há fartura alimentar e plenitude de proteção. É o lugar onde a vida, o corpo e a mente são alinhadas com as emoções. São elas as sinalizadoras do bem-estar sensitivo e a dimensão para além do alcance material.
A curiosidade levou para várias portas secretas e prontas para serem abertas, mas somente uma podia dar a continuação da vida: a porta do passado. Ela é como se fosse um espelho d'água, que uma vez encarada e aberta com amor, transporta o ser para antigos seres e culturas. É a árvore genealógica, a raíz da ancestralidade funcionando em cada um.
Quando se olha para o passado, pode-se ver como o presente é construído. Lá cada um foi feito de um alguém anterior, que veio de um outro ainda mais anterior, de rotinas e credos ancestrais que influenciam sutil e sinuosamente o tempo presente de cada um. Talvez, as dúvidas e as dores mais recorrentes de milhares de seres humanos poderiam ser respondidas se eles permitissem um olhar nesse espelho d'água, onde o problema mora com a solução e somente aceitando uma, é que se alcança a outra.
Cada dor sentida, cada sorriso solto, cada abraço dado, cada lágrima escorrida, cada amor correspondido ou não por alguém, já foi feito por um da própria família anteriormente. As mãos entrelaçam com as mãos dos pais, que já agarraram as de seus pais, estes que vieram de outros lugares, nações, para construir uma base de sustentação emocional: o lar.
É a linha da história que escreve os nomes que deram a luz de suas crias.
O acolhimento é um dos primeiros atos de amor a ser feito. Ele pode ser encontrado nas famílias, sejam elas de laços sanguíneos ou não, pois ela não pode ser negada, sob pena de não pertencimento de lugar algum e dor emocional sem aparente solução.
Negar ancestralidade é distanciar-se de nutrição afetiva.
Obrigado pelo seu tempo e qualquer coisa é só perguntar 🔹 Por @rd_rodolfo_
Texto publicado originalmente em 02 de julho de 2020.


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